Cidade do Vaticano (Sexta-feira, 12-11-2010, Gaudium Press) Tem início a visita apostólica na Igreja Católica da Irlanda, anunciada pelo Santo Padre com a Carta Pastoral aos Católicos do país de março deste ano, para conhecer a situação da causa dos escândalos de abusos sexuais por parte do clero, vindos à tona em 2009. A visita compreende quatro arquidioceses metropolitanas.(ver nomes dos visitadores no fim da matéria). A Santa Sé impõe discrição e celebrações penitenciais. O fim da primeira fase está previsto para a Páscoa do ano que vem ,enquanto o documento com os resultados deve ser publicado em maio.
O objetivo da visita, conforme o comunicado da Santa Sé, é verificar a eficácia dos procedimentos de resposta aos casos e também as formas de assistência atual oferecida às vítimas. Tratar-se-á de "identificar os problemas específicos" e não de investigar os casos individuais. As datas precisas ainda não foram apresentadas porque a visita acontecerá conforme a especificidade de cada diocese e dos compromissos de cada visitador. Estarão sob exame por parte dos visitadores a documentação, informações sobre a vida e formação nos seminários e nos institutos religiosos.
A visita "não irá interferir de maneira alguma na ordinária atividade das autoridades judiciárias, nem com a atividade das Comissões de investigação estabelecidas pelo Parlamento irlandês, nem com o trabalho de qualquer autoridade legislativa que tenha competência no campo da prevenção do abuso contra menores". Além disso, a "visita não pretende substituir a legítima autoridade dos bispos locais ou dos superiores religiosos" - diz o comunicado .
Os visitadores poderão ser acompanhados pelos assistentes aprovados pela Congregação para os Bispos. A Santa Sé impõe a eles encontrar-se com os bispos da Província Eclesiástica, além do ordinário do lugar, o vigário geral, os vigários episcopais, os juízes do Tribunal Eclesiástico, o chanceler e os outros oficiais da Cúria, membros do Conselho Presbiterial, membros do Colégio dos consultores e dos Conselhos Pastorais e, principalmente, os responsáveis, seja a nível diocesano, seja paroquial, do Escritório de Proteção e Prevenção dos abusos.
O comunicado ressalta que não serão apresentados aos visitadores nenhum caso dos abusos, nem velhos nem novos. Porém, eles estarão à disposição para encontrar as pessoas "profundamente feridas pelos abusos" e que "querem ser encontradas e ouvidas". A Santa Sé determina que isso seja feito da mesma "maneira paterna" como já o fez o próprio Santo Padre durante as suas visitas nos Estados Unidos, na Austrália, na Alemanha, em Malta, na Inglaterra. Os visitadores podem receber também as cartas de pessoas interessadas, que devem ser endereçadas à Nunciatura Apostólica.
Além disso, a Santa Sé fala também da dimensão espiritual e pastoral, seguindo as recomendações da carta do Papa, a fim de que seja organizada "uma celebração penitencial ou algum outro encontro similar, na presença do visitador, com a aprovação do Ordinário do lugar".
Pela "delicadeza do problema" e respeito pelas vítimas e seus familiares, os visitadores não podem conceder nenhuma entrevista, nem apresentar as etapas da visita. Tal resultado será apresentado no statement que está previsto para maio de 2011.
Os visitadores apostólicos para a Irlanda são:
- Para as quatro arquidioceses - Cardeal Cormac Murphy-O'Connor, para Armagh; card. Sean P. O'Malley, O.F.M. Cap., para Dublin; Dom Thomas C. Collins, para Cashel and Emly; Dom Terrence T. Prendergast, S.J., para Tuam;
- Para os seminários - Dom Timothy M. Dolan, arcebispo de Nova Iorque, que visitará: o "St. Patrick's College" de Maynooth, o Pontifício Colégio Irlandês de Roma, o "Saint Malachy College" de Belfast; o "All Hallows College" de Dublin e o "Milltown Institute of Theology and Philosophy", também de Dublin
- Para as casas religiosas - Irmã Sharon Holland, I.H.M., Padre Robert Maloney, C.M., Irmã Máirin Mc Donagh, R.J.M. e Padre Gero McLoughlin, S.J.
